Todo gesto, seja verbal ou
corporal, só se repete ao ser esquecido.
Cada palavra dita veio de um
caminho aprendido, integrado e por isso mesmo, não precisamos mais de sua
gênese para repeti-lo. Não preciso pensar para emergir do meu corpo cada movimento
e cada motricidade que reconstrói na atualidade toda a presença de meus
mestres. O que eu ouço, o que vejo e o que sinto, são apreendidos em uma
dimensão alargada que não deixa de se inscrever em cada ato, e que caminham
para um futuro que ninguém jamais pode prever. Até hoje, me pego repetindo
jargões, posições críticas, formas de pensar que aprendi dos inúmeros encontros
que tive na minha vida. Se eles aparecem em mim de forma espontânea, é porque
de fato foram significativos.
E é porque eu posso repetir meus
mestres que eu posso criar. É porque seus ensinamentos se tornaram em mim
espontâneos que eu posso transmitir um novo.
Por isso que ao me comprometer
com o ofício de ensinar, junto me subjaz o desejo de ser esquecido. Ao ser uma
memória, a tradição dos gestos que me acompanham só será acessível ao pensar,
mas ao ser esquecido, minha tradição se concretiza no hábito de cada um.
Esse é o verdadeiro ofício da
educação: construir a ponte para a novidade, e o novo só se faz no
desprendimento do velho.
Feliz dia dos Professores a
todos!
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