Falar de Yalom, já me faz lembrar logo o bom e velho “Quando Nietzsche Chorou”. Esse livro me trouxe um duplo sentimento, curiosidade em relação a um psicoterapeuta que dizia fazer terapia existencial e ao mesmo tempo repulsa (meu velho preconceito com Best Sellers).
Aos poucos fui conhecendo um pouco mais do trabalho de Yalom, o livro sobre psicoterapia de grupo é um dos mais completos que eu conheço e outro chamado Desafios da Terapia é um livro bem interessante e gostoso de ler, me lembra bastante o estilo do “cartas a um jovem terapeuta” do Calligaris.
Sempre me encantei com a sua forma de escrita, envolvente e cativante. Yalom foi supervisionando de Rollo May, um dos iniciadores da psicologia humanista nos estados unidos, quem escreveu o “Piscoterapia Existencial” e o clássico “Existencia”, que trás artigos de Allport, Rogers, Binswanger e etc. É sem dúvida um dos principais nomes que aproximou o pensamento humanista americano com o pensamento existencial europeu.
Sinto no Yalom o mesmo incomodo que o Rollo May me trás, uma certa incongruência (mas na verdade bem característica dos americanos) em misturar o existencialismo europeu, com o humanismo e com a psicanálise. Sempre fiquei muito desconfiado em citar Rogers, Boss e Freud nas mesmas linhas, e isso tanto Yalom, e de certa forma, Rollo May fazem.
Apesar disso, tive acesso ao livro “Vou chamar a Polícia” do Yalom e fui convidado a resenhá-lo. O livro é fantástico. Não por ser um marco teórico ou pelas histórias contadas, mas sim um pouco de tudo. Yalom faz nesse livro uma reflexão sobre seus próprios escritos, de onde vêm e como pensa e etc. Alterna apontando várias de suas obras e apontando o mapa da mina de onde vieram suas idéias e intuições. Porém, o que pra mim é mais interessante é o modo não dogmático que ele fala sobre a psicoterapia. Mostra seus medos, seus erros, suas desconfianças. Mostra um mundo da psicoterapia que sempre foi considerado sacro, por falar do que se passa com o psicoterapeuta, algo que fala diretamente ao lado humano do psicoterapeuta, mas de uma forma que permite a todos compreenderem de maneira bela.
Sem a menor dúvida isso é uma grande diferença. Normalmente, os livros que falam de psicoterapia são escritos para o público especializado, enquanto que Yalom fala de psicoterapia de um modo que qualquer pode conhecê-la, o que,eu acredito,pode facilitar a popularização dessa prática. Não que qualquer um pode ser psicoterapeuta, mas sim cliente e isso eu acho muito bom.
O livro faz uma releitura dos outros livros do Yalom, onde ele apresenta comentários sobre a criação de cada um deles, suas intenções e algumas considerações sobre os processos terapêuticos que ele se baseou para construir as histórias. Assim, Yalom vai apresentando seus livros (transcrevendo as vezes capítulos inteiros) e comentando o surgimento de suas idéias.
Recomendo a leitura desse livro, conheçam o site:
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